

O “Aero” de ténue cor
E de feieza acentuada
Levava e trazia a dor
E notícias da namorada.
Escrevíamos no interior
Também escrevíamos nas abas
Muitas promessas de amor
Para as nossas namoradas.
Neles, recebíamos delas
Frases dizendo desejos
Desenhos e pinturas belas
Mostrando abraços e beijos.
Era nos disfarces das tintas
Que se mostrava a paixão
Trabalhos com muitas pintas
Salpicados emoção.
Corações, lágrimas, lábios
Desenhados a mil cores
E outros traços belos e sábios
Dizendo mensagens maiores.
Corríamos ansiosos
Quando o clarinete chama
Que momentos amorosos
Ao lermos o Aerograma.
Era grátis, prático e feio
E tinha uma forma esquisita
Dobravam-se as abas e a meio
E colava-se com aquela fita.
Depois da direcção posta
Dávamos-lhe um beijo de amor
Salvo se a resposta
Fosse de raiva e rancor.
Alguns causaram paixões
Que deram em casamento
Outros finaram ilusões
De promessas sem sentimento.
Foram para madrinhas de guerra
Vizinhos, familiares e amigos
O Aerograma encerra
Segredos dos quatro sentidos.
Henrique António Carvalho
2009/06/20
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